Encontro contou com a presença da jornalista socioambiental Cristina Serra e reuniu parceiros do Nosso Chão, Nossa História, profissionais da comunicação e interessados pelo tema
O Comitê Gestor de Danos Extrapatrimoniais, no âmbito do Programa Nosso Chão, Nossa História, realizou, na noite da última terça-feira (25), no Theatro Homerinho, no bairro do Jaraguá, em Maceió, o evento “Comunicação, Desastre e Reparação”, promovido pelo Programa Nosso Chão, Nossa História. O encontro contou com a presença da jornalista socioambiental Cristina Serra.
Ao lado da presidente do Comitê Gestor de Danos Extrapatrimoniais (CGDE), Dilma de Carvalho, da jornalista da Mídia Caeté Wanessa Oliveira e do fotógrafo Jorge Vieira, Serra debateu o papel da comunicação na reparação de danos morais coletivos causados pelo desastre da mineração na capital alagoana.
A noite também foi marcada pela memória e pela arte, com a exibição do documentário “Pinheiro, Bairro de Vidas Rachadas”, dirigido por Arthur Celso e Jorge Vieira, além de uma exposição fotográfica itinerante com imagens de Dilma de Carvalho, Carlos Eduardo Lopes e Jorge Vieira.
Confira, logo abaixo, as imagens que integraram a exposição fotográfica durante o evento:









Durante a roda de conversa, foram discutidos os caminhos que comunicadores e jornalistas podem trilhar para que a cobertura sobre o desastre da mineração em Maceió aborde não só o contexto dos danos morais coletivos gerados, mas que também seja um instrumento de garantia de direitos às pessoas atingidas e, além disso, de reparação. Também foi debatido como diferentes formas de expressão, como fotografia, documentário, produção literária, grafite e outras linguagens, podem contribuir para ampliar a visibilidade sobre o tema.
O evento também contou com a presença da procuradora da República Juliana Câmara, que apresentou o histórico das ações conduzidas pelo Ministério Público Federal (MPF) em Alagoas, para definição dos trabalhos em prol da reparação dos danos morais coletivos e na expectativa da criação do Comitê Gestor de Danos Extrapatrimoniais.

Representantes de organizações da sociedade civil, profissionais da comunicação, parceiros implementadores do Nosso Chão, Nossa História e pesquisadoras do tema também estiveram presentes, contribuindo com a roda de conversa com relatos, comentários e perguntas.
Para a presidente do CGDE, Dilma de Carvalho, o evento reforça que a comunicação é uma ferramenta essencial no processo de reparação. “A comunicação é, antes de tudo, social e está em todos os lugares. Seja na fotografia, em um livro que traga as vozes e memórias das pessoas dos cinco bairros, em um podcast ou na arte urbana. A reparação passa também por esses registros e a comunicação é mais do que só divulgar. Comunicar é amplificar as vozes que continuam falando e manter viva a memória do que não se pode repetir”, afirmou.

A jornalista Cristina Serra, que lançou recentemente, durante a COP 30, o livro “Cidade Rachada”, obra que aborda e analisa o desastre da mineração em Maceió, contou, durante o evento, como foi o processo de apuração.
“A parte do livro mais importante é sempre ouvir as pessoas e o impacto que tudo isso teve na vida delas. Sair de casa, do próprio bairro que se criou, por si só, já é difícil. Uma característica que me chamou atenção foi que muitas dessas pessoas viviam próximas a outras casas de suas próprias famílias, então, os laços são quebrados. Eram muitas faces dessa tragédia, percebi que era algo grande, que ia me exigir atenção e tempo e resolvi escrever o livro”, relembra.
O jornalista e membro da Federação das Organizações da Cultura Popular e do Artesanato Alagoano (Focuarte), Bertrand Morais, destacou a importância do encontro para sensibilizar profissionais da área.
“Para mim, enquanto jornalista e morador do Farol, um dos bairros atingidos, foi muito importante. Acredito que vozes como a da Cristina Serra são fundamentais para ecoar as consequências desse problema a nível nacional também. É essencial que a comunicação siga pautando o tema e sensibilizando a sociedade”, afirmou.
Sobre o Programa
O Nosso Chão, Nossa História é resultado de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal de Alagoas (MPF/AL), que responsabilizou a Braskem pela reparação dos danos extrapatrimoniais decorrentes do afundamento do solo de cinco bairros de Maceió. As atividades e projetos da iniciativa são definidos pelo Comitê Gestor dos Danos Extrapatrimoniais (CGDE), grupo formado por representantes da sociedade civil e de instituições públicas, que atuam de forma voluntária.
A operacionalização das ações é realizada pelo Escritório das Nações Unidas de Serviços para Projetos (UNOPS). Está prevista a aplicação de R$ 150 milhões ao longo de quatro anos em projetos desenvolvidos por organizações da sociedade civil, voltados à reparação de danos morais coletivos.